quarta-feira, 30 de junho de 2010

Labrador avisa menina diabética quando taxa de açúcar se altera

Um cão labrador treinado para detectar a queda do nível de açúcar no sangue de seres humanos vem ajudando uma menina britânica de seis anos a evitar entrar em coma por causa de diabetes.

A cadela Shirley é um dos dez cães treinados pela entidade beneficente Cancer & Bio-detection para alertar diabéticos quando sua condição se deteriora e mora há quatro meses com a pequena Rebecca Farrar, que tem diabetes tipo 1.

"Ela salva a minha vida", diz Rebecca, que é a primeira criança a receber um cachorro para detectar sua doença. "Ela é minha melhor amiga."

Shirley é capaz de sentir uma mudança de odor exalado pelo corpo de Rebecca quando sua taxa de açúcar cai ou sobe a níveis alarmantes.

O cheiro não é detectado por seres humanos e é um sinal emitido pelo corpo antes de outros mais aparentes, como palidez.

Ela então começa a lamber os braços e as pernas da menina para alertá-la. Desta forma, a menina ou sua mãe têm condições de tomar providências para evitar um colapso.

Alerta precioso

"Shirley percebe (a queda no nível de açúcar) bem rapidamente e começa a lamber as mãos e pernas de Rebecca até ela tomar uma Coca-cola ou ingerir açúcar, que elevam seus níveis de açúcar novamente. Quando a taxa está muito alta, Shirley também sente e dá o alerta", explica a mãe de Rebecca, Claire.

A mãe lembra de um episódio em que ninguém percebeu que a taxa de açúcar de Rebecca estava caindo até Shirley dar o precioso alerta.

"Nós não tínhamos ideia de que ela estava com a taxa de açúcar baixa. Ela estava dançando em um clube com seu irmão-gêmeo, Joseph, e quando os dois voltaram à mesa para tomar algo, Shirley começou a lamber as mãos de Rebecca. O kit de primeiros-socorros estava embaixo da mesa e Shirley foi até lá e pegou um exame de nível de açúcar", conta Claire.

"Ela deu o exame a Rebecca e começamos a desconfiar que tinha algo de errado. Fizemos o teste, e o nível estava bem baixo. Se eu não tivesse Shirley, Rebecca teria entrado em colapso. E quando isso ocorre, ela entra em um sono tão profundo que se tentamos colocar açúcar em sua boca, ela engasga."

A presença de Shirley na casa também tornou a vida de toda família mais fácil.

"Ela tinha um colapso a cada dois dias. Às vezes eu a socorria apenas pouco antes de ela entrar em um colapso muito sério, outras vezes eu tinha de chamar a ambulância", conta Claire.

"Mas agora temos Shirley e ela detecta a queda no nível de açúcar antes de Rebecca perceber o problema."

Claire conta que também consegue ter noites de sono mais tranquilas, sem medo de a filha ter algum problema durante a noite, como ocorria antes de Shirley dormir ao lado da cama de Rebecca.

A entidade beneficente que deu Shirley à família treina cachorros para detectar todo tipo de doença, incluindo câncer.

"O que nós descobrimos nos últimos cinco anos é que cães são capazes de detectar doenças humanas pelo odor. Quando a nossa saúde altera, temos uma pequena alteração no odor do corpo. Para nós é uma mudança mínima, mas para o cachorro é fácil de notar", diz ClaireGuest, da organização Cancer & Bio-detection.

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Testemunho do filho de fundador do Hamas: de líder extremista a cristão evangélico

A vida do palestino Mosab Hassan Yousef, de 32 anos, desafia a lógica do conflito árabe-israelense, em que as rivalidades são quase sempre hereditárias. Filho mais velho do xeque palestino Hassan Yousef, um dos sete fundadores do Hamas, grupo terrorista transformado em partido, o jovem foi criado para ser um líder extremista. Contra todas as possibilidades, traiu o pai, colaborou com o inimigo, denunciou os companheiros e converteu-se ao cristianismo. Após dez anos de bons serviços prestados como agente duplo do Shin Bet, o serviço secreto militar de Israel, hoje Mosab Yousef vive na Califórnia, nos Estados Unidos, onde divide o seu tempo entre o surfe e os cultos em uma igreja evangélica de San Diego. Em entrevista concedida a VEJA por telefone, ele definiu o Corão como “um livro doente que deveria ser banido das escolas, das bibliotecas, das mesquitas”. Em sua biografia, Filho do Hamas (Sextante), lançado no Brasil na semana passada, a vocação de Yousef para fazer proselitismo religioso ganha, felizmente, menos espaço do que as histórias de espionagem e traição que envolvem sua trajetória.

A desilusão com o Islã e com o Hamas começou no período em que Yousef esteve preso em Megiddo, uma penitenciária israelense a 5 quilômetros da fronteira com a Cisjordânia. Detido por porte de armas em 1996, quando tinha 18 anos, Yousef permaneceu em uma área exclusiva para integrantes do Hamas. Durante os dezoito meses em que esteve preso, testemunhou membros do grupo torturando os próprios colegas. Qualquer um que demorasse um pouco mais no banho ou tivesse um sotaque diferente podia ser acusado de agente duplo e receber uma punição.

Os terroristas enfiavam agulhas sob as unhas dos suspeitos e derretiam embalagens plásticas para queimar sua pele. Para não deixar que os gritos das vítimas chamassem a atenção dos guardas israelenses, ligavam a televisão no volume máximo. “Era um grau de brutalidade que nem mesmo os israelenses tinham conosco”, diz Yousef. Depois de ser libertado, ele encontrou um jovem estrangeiro que lhe apresentou os dogmas evangélicos. Começou, então, a ter aulas noturnas de religião em uma escola católica de Ramallah, na Cisjordânia. O processo de conversão ocorreu às escondidas e durou seis anos. Já na prisão Yousef fora convidado a colaborar com o Shin Bet. Ele acredita que seus colegas palestinos nunca desconfiaram de sua vida dupla simplesmente por ser o filho de quem era: um dos mais influentes líderes do Hamas. O parentesco dava ao jovem acesso à elite política palestina, como Yasser Arafat, e aos bastidores dos planos terroristas de grupos como o Hamas e a Brigada dos Mártires de Al Aqsa, ligada ao partido secular Fatah.

Foi graças a informações passadas por Yousef que alguns dos homens mais perigosos dos territórios ocupados puderam ser presos. Em 2001, Yousef telefonou de seu carro para o Shin Bet e deu as coordenadas para a localização do veículo em que se encontrava Muhaned Abu Halawa, um traficante de armas de 23 anos procurado por dar apoio logístico aos atentados da Brigada dos Mártires de Al Aqsa. Em seguida, do alto de uma colina, um tanque israelense fez disparos precisos em direção ao carro de Halawa, estacionado em uma rua de Ramallah. “Um dos projéteis atravessou o para-brisa, mas Halawa deve ter percebido o ataque, porque abriu a porta a tempo e pulou para fora, em chamas”, diz Yousef, que se encontrava a poucos metros do alvo.

O informante, acompanhado do pai, ainda visitou o terrorista chamuscado no hospital. Meses depois, os israelenses eliminaram Halawa com mísseis lançados de dois helicópteros, dessa vez sem a ajuda de Yousef. “Posso dizer que, durante toda a minha colaboração com o Shin Bet, sempre me preocupei em apenas participar de operações que não atentassem contra a vida humana”, diz o ex-agente duplo.

Nem sempre esse princípio funcionou. Em 2002, Yousef recebeu cinco homens pedindo ajuda em sua casa, em Ramallah. Eles estavam com um automóvel cheio de explosivos e precisavam de um lugar seguro para se esconder antes de realizar um atentado em Israel. Yousef deu dinheiro a eles e recomendou que encontrassem um hotel nas proximidades. Em seguida, ligou para o Shin Bet, que, discretamente, recolheu o carro-bomba. O informante palestino pediu para poupar os militantes. A condição foi aceita. Durante a noite, os militares israelenses invadiram o quarto dos terroristas para prendê-los. Um deles tentou escapar pela janela, mas foi abatido a tiros antes de alcançar a rua. Yousef garante que nunca colaborou com os israelenses por dinheiro.

Em pelo menos três ocasiões, contudo, ele recebeu uma espécie de ajuda de custo de Tel-Aviv. Em uma delas, ganhou algumas centenas de dólares para “comprar algumas roupas, cuidar de mim mesmo e curtir a vida”, como ele descreve no livro. Em 2005, seu pai, Hassan Yousef, estava sendo procurado pelos israelenses, e ele resolveu ajudá-lo, escondendo-o. Yousef, o filho, enfrentava um dilema: se continuasse escondido com o pai, poderia ser morto junto com ele; se o delatasse, temia que sua identidade como informante fosse descoberta pelo Hamas. Resolveu telefonar para o Shin Bet, pedindo para ser preso junto com o pai. O líder do Hamas está até hoje na cadeia. Seu filho ficou apenas três meses preso. Na sua avaliação, o pai, por ser da ala política do Hamas, não pode ser considerado um terrorista. Ainda assim, Mosab Yousef acha que fez a coisa certa.

Fonte: Veja / Gospel+

sábado, 5 de junho de 2010

Time da paz no país da Copa

Duzentos e dez fiéis de igreja evangélica embarcaram para a África do Sul para promover ações sociais e esportivas em favelas de Joanesburgo. No grupo de voluntários há 25 cariocas, alguns novatos em missões internacionais


Rio - A Seleção de Dunga só estreia na Copa dia 15, contra a Coreia do Norte. Mas outro time de craques brasileiros já brilha nas terras sul-africanas. Liderados pelo pastor Marcos Brava, da Igreja Batista Central do Rio de Janeiro, 210 missionários do Projeto Conexão África — 25 deles, cariocas — desembarcaram no país do mundial. Na bagagem, o ideal de promover ações sociais nas favelas de Joanesburgo.
Voluntários evangélicos durante o embarque em São Paulo, terça-feira: para garantir a segurança de todos, fiéis moradores das áreas de risco vão escoltá-los durante as ações sociais | Foto: Divulgação

Formado por médicos, enfermeiros, dentistas, professores, músicos e até artistas circenses, o grupo promete levar um pouco de alegria à população carente da cidade. “Queremos usar a Copa como palco para praticar ações sociais, esportivas e educacionais. Nosso desejo é transmitir mensagem de paz, esperança e amor para os sul-africanos que sofrem com a miséria e a pobreza”, explicou o pastor.

O projeto reúne evangélicos voluntários de 150 igrejas espalhadas por 16 estados. Lá, brasileiros vão se unir a cristãos de países como EUA, Inglaterra, Austrália, Canadá e Coreia do Sul que também viajaram com o mesmo objetivo.

“Essa será uma experiência que vai mudar a vida de todos nós. Será uma missão que certamente nos fará enxergar o mundo de uma maneira diferente”, acredita a professora carioca Alessandra Vieira, 31 anos, convocada pela primeira vez para uma missão internacional. Incumbida de alegrar a criançada, a professora Kelly Cristina Nunes, 37, vai cuidar das oficinas de arte: “Vou distribuir balões, me vestir de palhaça, fazer brincadeiras e pintar o rosto da molecada”.

LUTA E DISCIPLINA

Professor de jiu-jítsu e boxe tailandês, Jean Márcio Coelho, 36 anos, era um dos mais empolgados. Ele embarcou quinta-feira de ônibus para São Paulo, de onde voou para a sede da Copa. “Me sinto como se estivesse voltando para as minhas origens”, conta ele, que vai dar aulas de artes marciais para crianças de Joanesburgo.

“Faremos trabalhos de recreação utilizando as artes marciais e seus ensinamentos. Além de despertar o interesse delas para o esporte, vamos dar aulas de defesa pessoal e transmitir as lições de disciplina e respeito que pautam as artes marciais”, explicou Jean, que até montará tatames.

Os missionários visitarão comunidades carentes em bairros como Diepsloot — onde vivem 150 mil pessoas — e Soweto, famoso foco de resistência ao apartheid e onde a Seleção treinou quinta-feira. Para garantir a segurança do grupo, líderes comunitários e representantes das igrejas evangélicas locais vão acompanhá-los.

Na equipe da Fifa, só 54 brasileiros

Além dos jogadores e dos missionários, o Brasil também estará representado na Copa do Mundo da África do Sul por 54 brasileiros. Eles foram convocados pela Fifa numa disputa acirrada. Ao todo, 62 mil pessoas se candidataram a uma vaga de voluntário no Mundial, mas só 21 mil foram selecionados: 80% são sul-africanos; 10% africanos de outros países; e 10% para candidatos do resto do mundo.

O gerente do Comitê Organizador da Fifa responsável pelos voluntários, Onke Mjo, explica que todos terão contato direto com o público. Eles vão recepcionar turistas nos aeroportos, ajudar os que não falam inglês e orientar torcedores nos estádios.

Fonte: Jornal O Dia