sábado, 30 de maio de 2009

Igreja Católica admite proteger padres pedófilos nos EUA

A Igreja Católica firmou um acordo de indenização de US$ 100 milhões às vítimas de abuso sexual contra crianças na Califórnia e admitiu que os sacerdotes pedófilos foram protegidos pela cúpula religiosa, de acordo com documentos da Justiça.

O acordo é o maior envolvendo a questão e uma diocese da Igreja Católica nos Estados Unidos. O bispo Tod Brown pediu desculpas no Tribunal Superior de Los Angeles hoje e liberou milhares de páginas de arquivos sobre padres, freiras e religiosos acusados de abuso sexual de sua diocese do condado Orange. Cerca de 30 caixas de registros pessoais devem ser entregues ao Tribunal de Los Angeles até o final do mês.

O acordo envolve 90 vítimas e cada vítima receberá em média entre US$ 50 mil e US$ 4 milhões. A Igreja Católica está negociando advogados do país inteiros para colocar fim aos problemas deste tipo. O custo desta operação é estimado em mais de US$ 1 bilhão.

A maior soma anterior paga pela Igreja nos EUA era de US$ 85 milhões, gasta pela diocese de Boston a 552 vítimas. Em Tucson, a diocese pagou US$ 16 milhões para resolver 10 casos em 2004. A diocese de Los Angeles ainda tem 544 ações para resolver.

"Todos nós estamos aqui hoje porque coisas terríveis aconteceram. Aconteceram casos de abuso sexual contra menores no nosso meio" disse Brown em uma entrevista coletiva.

Algumas das vítimas estavam presentes e choraram quando o bispo começou a falar. Brown afirmou que mudanças na política de pessoal devem "garantir, até o que é humanamente possível, que estas coisas não voltem a acontecer. Nada é mais importante que a proteção das nossas crianças e dos nossos jovens".

"Reconhecer o que aconteceu conosco faz diferença", disse Max Fisher, uma das vítimas. "Nós não somos mais apenas supostas vítimas. Isso significa mais para mim do que qualquer coisa."

A Igreja não admite responsabilidade legal no acordo, mas Brown pedirá desculpa a cada vítima. O bispo celebrou uma missa pelas vítimas na Catedral da Sagrada Família em Orange hoje à noite. A diocese vai pagar metade dos US$ 100 milhões do acordo e suas oito seguradoras ficarão encarregadas do restante. A diocese de Orange disse que isso não causará sua falência, como aconteceu com muitas outras dos Estados Unidos por causa de processos similares.

Os advogados disseram que 57 das 90 vítimas envolvidas alegavam terem sido alvo de abuso em 1976, quando a diocese de Orange foi formada. Cada uma delas recebeu cerca de US$ 500 mil, de acordo com o chefe da equipe de advogados, Raymond Boucher. Os pleiteantes ainda têm outras acusações pendentes contra a Arquidiocese de Los Angeles.

Os outros 33 demandantes receberam em média US$ 2,16 milhões cada, afirmou Boucher. De acordo com os autos dos processos, 18 padres, entre eles professores, técnicos e outros funcionários de escolas católicas eram acusados por pelos menos duas pessoas.

Um dos padres, Siegfried Widera, cometeu suicídio no México em 2003. Nove homens acusavam-no de tê-los molestado em duas escolas quando eram crianças. Widera enfrentava 42 acusações de abuso sexual na Califórnia e Wisconsin no momento em que se matou.

Com agências internacionais

Fonte: Diário Vermelho

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